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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Escolas de ensino médio e fundamental mantidas pelo governo federal se distinguem das demais e se classificam entre as melhores do mundo

Federais estão entre as dez mais

Por Mariana Scoz
As escolas da rede federal que atendem o ensino fundamental e médio são exceção na educação brasileira. No Programa Interna­­cional de Avaliação de Alunos (PISA), em 2009, seus resultados foram muito acima da média que colocou o Brasil na 54.ª posição.

Sozinhas, poderiam ficar entre os dez melhores colocados, à frente de países como Canadá e Suíça. Se o índice contabilizasse apenas as escolas municipais e estaduais, a posição brasileira cairia para 60 entre os 65 países avaliados.

A rede de ensino básico e médio federal se sustenta em três pilares: o investimento, os professores qualificados e o desempenho dos alunos. O financiamento se destaca por ser muito maior do que o feito por outras redes.

O investimento anual por aluno das escolas federais chega a R$ 10 mil, enquanto o Fundo de Manutenção e Desenvol­­vimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), segundo levantamento de 2006, pagava apenas R$ 1,3 mil por matrícula nas séries finais em Curitiba.
Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Daniel Castellano/Gazeta do Povo / Henrique Aguiar: cobrança maior
Henrique Aguiar: cobrança maior

Curitiba
Estrutura e cobrança são maiores
Em Curitiba, há duas escolas federais com formas de ensino distintas: o Instituto Federal do Paraná (IFPR) e o Colégio Militar de Curitiba (CMC). O IFPR tem 14 câmpus no Paraná e terá mais sete até 2014. Na capital, além de oferecer cursos de graduação e pós-graduação, as escolas oferecem o ensino médio e técnico profissionalizante. A escolha dos estudantes passa por diversos motivos.

 “A gente escolhe o curso por ser gratuito, mas também por preparar melhor para o mercado”, diz Melissa Zampronio, 15 anos, aluna do 1º ano do curso técnico em informática do IFPR. Para Henrique Aguiar, também 15 anos, a dedicação deve ser maior. “O ensino é mais puxado e a cobrança dos professores é maior do que em outras escolas”, diz.

Para o reitor do IFPR, Irineu Colombo, o instituto se diferencia por poder aliar teoria e prática. “O aluno tem aulas de física, teoria que é aplicada nos laboratório de eletrônica”, diz Colombo. Já o Colégio Militar é conhecido pela disciplina e seleções concorridas. Segundo o diretor e comandante do colégio, coronel André Germer, todos os professores têm ensino superior e contam com uma estrutura de apoio e planejamento.

Além disso, o investimento se traduz na estrutura oferecida pelos colégios. No caso do Instituto Federal do Paraná, que oferece o ensino médio com cursos técnicos, há laboratórios específicos para as áreas estudadas, como massoterapia e informática. Para o doutor em Educação e professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ângelo Ricardo de Souza, a rede federal é mais controlável por ser menor.

“A quantidade de alunos no ensino médio federal é menor do que na rede estadual, administrar é algo mais fácil”, diz ele.

Professores
A formação do professor da escola federal também tem diferenciais segundo os especialistas. Para a professora de Pedagogia da UFPR Maria Madselva Ferreira Feiges, além dos recursos tecnológicos, o plano de carreira dos professores dessas escolas se assemelha ao das universidades.

Segundo Ângelo de Souza, conforme o professor se especializa ou faz um mestrado, há uma progressão, “o que não existe na rede de educação básica regular ou privada”, diz.

Alunos
A questão mais discutida é a do desempenho dos alunos. Muitos consideram que o processo seletivo é crucial para que os alunos que frequentam essas escolas estejam acima da média. “Além de se prepararem para a conclusão do ano letivo, os alunos começam a se dedicar a aprender mais para tentar ingressar nessas instituições.

Um aluno que sai do ciclo fundamental tem que se preparar muito para entrar no 6.º ano de um colégio militar, por exemplo”, considera o doutorando em Educação da UFPR, Luciano Blasius.

Para Ângelo de Souza, uma forma de mudar esse panorama é a União investir em outras esferas de ensino, por ter mais recursos. “Mas é preciso construir uma nova política de ensino”, diz ele.
 

 

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