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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Escola que completa 100 anos em 2011 tem estrutura bastante preservada

Como se tivessem sido tombados pelo patrimônio histórico, os prédios do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, foram cuidadosamente preservados nas últimas décadas. As maiores mudanças da instiuição que completa 100 anos em julho foram a transformação de um grande gramado em seis quadras poliesportivas e da cidade, que se verticalizou e mudou o horizonte.

Veja nas imagens abaixo as mudanças sofridas pelo colégio e leia a reportagem sobre a visita de três gerações de ex-alunos à escola:




Escola particular em SP mantém tradição, mas inova em tecnologia

Ex-alunos relembram época em que meninos e meninas não estudavam juntos e que giz e lousa ainda eram usados na sala de aula

Por Marina Morena Costa, iG São Paulo

Visitar a escola onde se estudou é sempre uma experiência nostálgica. Ainda mais quando quase tudo se mantém exatamente como era décadas atrás, como no Colégio Dante Alighieri, em São Paulo. O piso de madeira das salas de aula é igual. Os ladrilhos do chão dos corredores e do pátio, também, assim como as cadeiras vermelhas do teatro, as escadarias, os janelões por onde os alunos contemplam o movimento nas ruas. O laboratório de ciências fica no mesmo local. E o sino ainda soa.

A convite do iG, três gerações de ex-alunos, que estudaram no Dante entre as décadas de 60 e 90, visitaram a escola para contar o que mudou e o que continua igual. O empresário Roberto Klabin, 55 anos, a chef Silvia Percussi, 46 anos, e o publicitário Bruno Cardinali, 29 anos, passaram lá a vida escolar inteira. O carinho pela escola que lhes é muito familiar é unânime, mas todos destacam a queda das formalidades e a tecnologia presente em sala de aula desde as primeiras séries como as principais diferenças com a realidade atual.

“Isso tudo está ainda dentro de mim”, diz Roberto Klabin, que preside a Fundação SOS Mata Atlântica. Cada local traz uma lembrança da vida escolar. No arco da entrada, a memória mais antiga: aos 6 anos, Roberto entrou chorando na escola. Pelas escadas do prédio Leonardo da Vinci, o principal da escola, correu apressado para não perder os exames do colegial (atual ensino médio).

Roberto e sua mulher, também ex-aluna, não transferiram o título de eleitor para a região sul de São Paulo, onde moram atualmente, a 15 quilômetros do colégio. “É um motivo para visitarmos a escola a cada dois anos”, conta o ex-aluno, formado há 38 anos.

A relação de Silvia Percussi com o colégio é ainda mais forte e vem de família. “Minha avó, minha mãe e eu estudamos aqui. E hoje minha filha Franchesca está no último ano do ensino médio”, conta a chef e dona do restaurante Vinheria Percussi. Descendente de italianos, Silvia é um exemplo de algo muito comum no Dante: diversas gerações de estudantes de uma mesma família.

A tradicional instituição particular de São Paulo foi fundada por imigrantes italianos há 100 anos, em 9 de julho de 1911, para ser a escola de seus filhos na nova pátria. Pelos corredores do Dante, passaram dezenas de gerações – mais de 70 mil estudantes. Muitos descendentes de italianos – talvez a maioria –, mas alunos de outras origens também sempre foram recebidos.

No colégio, o “padrão europeu de ensino”, com formalidades, rigidez e apreço pela boa postura dos alunos perdurou até o início dos anos 2000, quando o colégio começou a se modernizar. Bruno Cardinali, gerente de marketing da Unilever, se formou há apenas 11 anos. Mas assim como Roberto e Silvia, tinha que se levantar quando o professor entrava em sala de aula e toda segunda-feira cantava no pátio o hino nacional do Brasil, o hino da Itália e o do colégio.

Hoje há uma relação mais informal entre alunos e professores. Os estudantes são instruídos a fazer o gesto respeitoso apenas para visitas ilustres, como o cônsul da Itália, e cantam os hinos somente em datas comemorativas.

Tecnologia

A queda das formalidades e a presença natural da tecnologia são as mudanças que mais chamaram atenção dos ex-alunos. Roberto, Silvia e até mesmo Bruno, o mais novo da turma, não tiveram uma "educação multimídia".

No prédio novo do colégio, o Michelangelo, que abriga a educação infantil e o ensino fundamental I, todas as salas tem computadores e lousa digital. Com uma caneta especial, as crianças escrevem e movem objetos projetados na lousa. Tudo com a maior familiaridade e desenvoltura.

Na sala de informática, alunos de 5 anos desenham no computador. Os trabalhos são salvos em um diretório que é projetado na lousa digital, como o monitor de um computador, para que todos vejam se o trabalho foi gravado corretamente. Nem a presença de Bruno, com 1,96m de altura, faz os pequenos desgrudarem os olhos da tela. “Acho que esta é a única sala onde uma pessoa do meu tamanho entra sem ser notada”, brinca Bruno.

As novas bibliotecas, com perfis diferentes de acordo com as etapas do ensino (infantil, fundamental e médio) chamam a atenção de Roberto. “Antes não existiam tantos espaços estimulantes de interação, lugares onde as pessoas podiam se reunir para discutir. Era só o pátio”, lembra.

Estrutura física

Como se tivessem sido tombados pelo patrimônio histórico, os prédios do Dante foram cuidadosamente preservados. As maiores mudanças foram a transformação de um grande gramado em quadras poliesportivas e a região onde está localizado em São Paulo. Por estar construído em um espigão, a duas quadras da Avenida Paulista, a vista do colégio se estendia até as margens do Rio Pinheiros nos anos 70. Hoje, o horizonte acaba em um muro e nos milhares de edifícios erguidos ao seu redor. “Daqui dava pra ver a cidade quase inteira”, lembra Roberto.

“As meninas ficavam de bobes no cabelo e soltavam na hora do recreio, para ficar com um visual Farrah Fawcett"

Já as salas de aula estão praticamente iguais. A classe onde Silvia estudou no segundo colegial fica exatamente no mesmo lugar e recebe alunos desta mesma série. “As meninas ficavam de bobes no cabelo e soltavam na hora do recreio, para ficar com um visual Farrah Fawcett (atriz americana que participou do seriado ‘As Panteras’)”, conta a ex-aluna, que estudou em classes só de meninas da 4ª série do ensino fundamental até a 3ª do ensino médio. “Estudar no prédio do colegial tinha um status, porque quanto mais velha a gente ficava, mais pro fundo do colégio ia e mais próximo das salas dos meninos ficávamos. Tinha um glamour. Hoje elas (as alunas) acham tudo normal (a convivência com os meninos)”, comenta.

Silvia fez o ensino médio técnico em Patologia Clínica (Biológicas). Adorava abrir animais mortos e ficava encantada na feira livre quando via o vendedor limpando o peixe. “Tinha certeza que queria ser médica”, conta a ex-aluna que encontrou na gastronomia a sua verdadeira vocação.

Em uma sala do colegial, Roberto não entrava desde que se formou. A modernização do mobiliário decepcionou o ex-aluno. “Que sem graça”, diz contemplando as cadeiras azuis de plástico. “Antes eram umas carteiras de madeira escura, a gente rabiscava, via o que outros alunos tinham escrito ali. Perdeu a personalidade. Isso aqui, apesar de ser funcional, prático e confortável, poderia estar em qualquer outro lugar.”

Até Bruno estudou em carteiras de madeira no ensino fundamental, na década de 80 e 90. “Elas eram ligadas umas nas outras. A minha mesa era a parte de trás da cadeira do aluno da frente”, recorda. O formato não permitia a interação entre os alunos, como formar grupos ou uma roda em formato de U.

“Acho que tudo deve estar melhor. O ensino, a relação com a tecnologia, a relação com os alunos, a infraestrutura... mas eu prefiro como era no meu tempo, com carteiras de madeira onde a gente podia exercitar o nosso vandalismo”, diz Roberto, rindo.

fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/para+exalunos+escola+mantem+tradicao+mas+inova+com+tecnologia/n1597049062463.html

Um comentário:

  1. Coisa rara, em se tratando da cidade de São Paulo. Os diretores da instituição de ensino estão de parabéns, em manter o edifício como era há anos.

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