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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pais ausentes ou muito presentes na escola podem prejudicar estudos das crianças - Por Kátia Deutner

                 Thinkstock
Para que a criança tenha um bom aprendizado, é importante que os pais participem da vida escolar dos filhos, mas respeitando a autoridade da escola

Há quem acredite que frequentar reuniões de pais e mestres nas escolas dos filhos é chato e entediante. Uma vez que confiaram na instituição, não é preciso perder tempo para saber o andamento da educação. Outros se intrometem tanto que querem ensinar aos professores a melhor maneira de educar seus filhos.

De maneias distintas, ambos estão errados. Afinal, qual o limite da relação entre pais e professores? "Eles são educadores, cada um em seu âmbito. A convivência entre pais e professores deve ser de harmonia e respeito mútuo", diz o engenheiro e professor José Carlos Pomarico, diretor geral do Colégio Joana D’Arc, em São Paulo.

Tudo começa com a escolha da instituição de ensino. Antes de matricular o filho, pais devem avaliar quais são os métodos educacionais, a proposta, a linha pedagógica adotada, para saber se eles concordam com a linha que adotaram para educar as crianças. "As divergências, caso venham a existir no decorrer do processo, devem ser resolvidas diretamente com a escola, não deixando que cheguem ao aluno", afirma José Carlos Pomarico.

Confiança é o ponto chave, por isso é tão importante escolher a escola com calma. “Uma boa relação é construída a partir da noção de parceria. Os alunos precisam se sentir seguros sobre os caminhos que a escola orienta, os quais foram aprovados previamente pela família”, diz o diretor pedagógico Nivaldo Canova, do Colégio Giordano Bruno, de São Paulo.

É importante que pais participem do cotidiano escolar e contribuam com suas experiências, tenham um diálogo com os profissionais. Contudo, é fundamental que cada um desempenhe o papel que lhe cabe na formação das crianças e jovens. "Educar não é uma tarefa fácil, mas o princípio básico é a coerência entre o que se fala e o que se faz diante de regras", explica a diretora Tatiana Martinez, do Colégio Rio Branco – Unidade Granja Vianna, em São Paulo.

Papéis bem definidos
 Até que ponto um não avança o campo do outro? Tudo o que diz respeito à educação dos filhos é de responsabilidade dos pais e isso só muda à medida que a criança vai crescendo e tomando suas próprias decisões.

"O papel dos professores está restrito ao que compete à educação escolar, no cumprimento de regras estabelecidas para o bom convívio coletivo”, explica a psicóloga educacional Marli da Costa Ramos Scatralhe, diretora pedagógica do Colégio Mario Schenberg, em Cotia (SP). Resumindo: à família cabe educar o filho, à escola ensinar o aluno, exercitando regras de convivência, compartilhando, respeitando as individualidades, aos bons hábitos de higiene e respeito ao meio ambiente.

Cuidado com os erros frequentes

Excesso de Zelo
Acompanhar o processo educativo da escola não se restringe a conferir lições de casa ou mesmo frequentar reuniões. Mas ultrapassar muito esse limite não é bom. Pais superprotetores prejudicam os filhos em todos os âmbitos –e não só no escolar. “Eles acabam criando crianças dependentes, inseguras e que precisam o tempo todo de atenção, não conseguem realizar tarefas simples sem consultar ou ter a aprovação de professores e ficam contrariadas quando não atingem um objetivo proposto”, avalia Tatiana Martinez.

Muitas vezes, tentar inocentar o aluno de qualquer ação impede que se tomem as medidas necessárias para correções importantes. E isso atrapalha a escola e prejudica a formação. “Há casos em que a superproteção é usada como compensação de outras omissões dos pais. Aí o mal é duplo: na omissão e na superproteção, ambos punindo a criança, provocando, inclusive, desvio de caráter”, diz Maria Edna Scorcia, diretora pedagógica do Colégio Joana D’arc, em São Paulo. E tem mais: intervir demais nas decisões escolares só demonstra desconfiança na instituição. Assim, será difícil exigir que a criança respeite a escola, já que seus pais não a respeitam.
Falta de acompanhamento
Há pais que acham que ao pagar uma boa instituição de ensino para os filhos não precisam dar mais atenção ao assunto, podendo cuidar de seus afazeres. “Este, sem dúvida, é o mais triste contexto familiar que a escola tem de lidar. Filhos de pais omissos geralmente têm problemas na aprendizagem, pois têm resistências no seu papel de estudante ao não encontrar na família orientação, cuidado, zelo e cobrança sobre o que compete a eles enquanto estudantes”, diz Marli da Costa Ramos Scatralhe.

Não são raros os os estudantes que são infelizes e têm sua formação comprometida. “É uma sensação de desamparo. Não são poucas as vezes que a escola ampara alunos cujos pais faltam às comemorações. As crianças, chorando, perguntam se sabíamos por que não compareceram à festa”, conta José Carlos Pomarico. E a desculpa é sempre igual: falta de tempo. “Como a divisão do tempo é uma questão política, ao educador fica sempre a impressão de desinteresse”, completa. 
Subestimar a reunião
Chamar pais para uma conversa sobre a vida escolar do aluno é muito mais importante do que alguns imaginam. É nesse período da reunião que as diferentes visões que escola e família têm da criança são ajustadas para possibilitar que medidas corretivas sejam tomadas e aceitas com naturalidade.

Nesta hora, professores se apresentam aos pais como são e não como uma figura difícil, fruto dos relatos de alunos enraivecidos. “Não é um momento para tirar satisfações, mas, sim, para se informar sobre o desenvolvimento do filho e se orientar e descobrir como colaborar com esse desenvolvimento”, diz Maria Edna Scorcia. 
Ao mesmo tempo, a oportunidade mostra para o filho o quanto o que acontece com ele na escola é importante. “Usar este horário para conversar com pessoas que olham, cuidam, formam e que são modelos, referências para a vida deles. Os alunos se sentem valorizados e estimulados ao perceberem que a escola e a família são parceiras e dividem as responsabilidades na sua formação”, diz Tatiana Martinez.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Secretaria da Educação propõe Ensino Médio de Tempo Integral em 21 escolas estaduais

Iniciativa prevê jornada de 8 horas, ampliação da grade curricular e regime especial de trabalho para professores

Adesão a modelo a ser implantado em 2012 depende de decisão dos conselhos escolares

A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo já está pondo em prática uma das principais ações do programa Educação — Compromisso de São Paulo. Trata-se do Ensino Médio de Tempo Integral, que prevê ampliação não só da jornada, de 6 para 8 horas diárias, mas também da grade curricular, de modo a corresponder a padrões internacionais de aperfeiçoamento educacional.

A iniciativa propõe a consolidação, por adesão, em unidades que oferecem exclusivamente Ensino Médio, de um novo modelo de escola, com disciplinas eletivas, implantação ou reforma de laboratórios, salas temáticas e oferecimento de três refeições por dia.

“Nosso objetivo maior com essa iniciativa é a melhoria da qualidade da educação de nossos alunos”, destacou o secretário de Estado da Educação, Herman Voorwald. “Queremos fazer com que nossos jovens formados pelo Ensino Médio de São Paulo estejam preparados não só para os novos desafios do mundo do trabalho, mas também para uma sólida formação universitária.”

A diferença do novo modelo para as já existentes escolas de tempo integral está na integração das disciplinas do currículo e no novo regime de trabalho de seus professores. Para os docentes das escolas em que será implantado o novo modelo, será criado um regime de dedicação plena e integral, que não permitirá atuar no quadro docente de outras unidades no período diurno. Haverá gratificação, que será proporcionalmente incorporada na aposentadoria. Não será uma carreira diferente, mas um regime diferenciado.
Para 2012, a mudança prevista foi proposta para 21 unidades em diversas regiões do Estado (ver relação abaixo).
Entre os principais critérios de seleção dessas escolas, destacam-se o oferecimento apenas do Ensino Médio, não ser a única do município a oferecer exclusivamente essa modalidade, número mínimo de 10 salas de aula, não ser compartilhada com unidades municipais, não fazer parte da Rede Ensino Médio Técnico e possuir espaço físico adequado para a implantação de instalações específicas do programa. A discussão da proposta já começou a partir do dia 17 nessas escolas, que se posicionarão até quinta-feira, dia 27.
O trabalho a ser desenvolvido nessas primeiras unidades servirá de base para a ampliação da iniciativa em todo o Estado nos anos seguintes, de modo a promover a melhoria da qualidade do ensino, nos termos do programa Educação — Compromisso de São Paulo. Anunciado pelo governador Geraldo Alckmin no Dia do Professor (15 de outubro), o programa tem como objetivos principais colocar o sistema educacional de São Paulo entre os melhores do mundo e fazer a carreira de professor ser uma das mais valorizadas entre os jovens.