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sexta-feira, 11 de março de 2011

Chame seu aluno pelo nome

Usar apelidos em sala de aula pode prejudicar o aprendizado e ainda transformar as relações entre as crianças


Por Marina Telecki

Objetivos:

★ Levar o educador a refletir sobre o uso de apelidos no relacionamento com os alunos, inclusive os carinhosos
★ Mostrar que o professor é um grande mediador das relações, e que cabe a ele melhorar a convivência entre as crianças

Frequentar o ambiente escolar é relacionar-se intensamente. Isso acontece entre as crianças, entre os adultos e na interação educandos e educadores. Em meio a tantas relações que se formam nesse espaço, é inevitável que surjam laços de maior ou menor afinidade. O que não se pode, alegam os especialistas, é permitir o uso de rótulos e apelidos - tanto os positivos quanto os negativos. Assim, da mesma forma como não se deve aceitar rótulos de pestinha, bagunceiro ou briguento, também se deve evitar chamar as crianças por princesinha ou queridinha. Rotular os alunos, ou permitir que eles se rotulem, pode atrapalhar no aprendizado e transformar um simples vocativo em identidade até mesmo entre os próprios estudantes. E cabe aos professores e à coordenação cuidar para que isso seja evitado. Conheça algumas orientações a seguir, passadas ao Guia Prático por experientes educadoras.

É bom evitar
Acredite ou não, chamar o aluno por algum adjetivo, principalmente no diminutivo, como fofinha, bonitinho e gracinha, é mais comum entre os professores do que se imagina. E não são apenas os apelidos positivos que respondem presença na sala de aula. Os depreciativos, como pestinha, bagunceiro e tagarela, também figuram entre os vocativos utilizados por muitos educadores. Independentemente de ser positiva ou negativa, essa forma de chamar ou atrair a atenção de uma criança deve ser evitada. "Não se pode estereotipar alguém porque ela é linda ou porque se tem uma empatia maior com ela, deixando de cuidar do outro. O correto é chamar todos pelo nome, prestando atenção na entonação usada, que também pode revelar muito", afirma Mariana Tichauer, psicóloga da Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico (EDAC), em São Paulo. Aparentemente, usar um apelido é uma prática inofensiva, mas a longo prazo pode acarretar mudanças de comportamento na criança. "O apelido negativo, por exemplo, além de atrapalhar a autoestima do aluno pode levá-lo a se isolar, querer sair da escola ou se tornar mais agressivo", completa a psicóloga. Já o rótulo positivo pode tirar a autocrítica dos pequenos e levá-los a se sentir superiores perante os colegas.

Entre alunos
É essencial lembrar que as atitudes dos professores podem influenciar o comportamento dos alunos, sobretudo na maneira como eles se relacionam e interagem entre si. "Nessa idade, dos 5 aos 10 anos, a figura do professor é muito importante, substitui a figura materna na escola, e o que o professor fala vira lei", explica Anete Hecht, diretora do Ensino Fundamental I do Colégio I.L. Peretz, em São Paulo. Para evitar essa troca de rótulos entre as crianças, é preciso, além de servi-las com bons exemplos, orientá-las sempre. "As crianças entendem e assimilam conceitos quando usamos exemplos ou trabalhamos com histórias. As conversas devem fazer parte do cotidiano escolar", pontua Mariana. De acordo com a psicóloga, é papel do professor mostrar ao grupo as potencialidades e os talentos de cada integrante da turma, em busca de uma boa convivência. Então, nem todos são bons jogadores de bola, mas podem ser bons desenhistas, bons em cálculo e assim por diante. "O professor tem que estar sempre ligado, fazer intervenções, conversar com alunos em roda e fazer com que cada um se coloque no lugar do outro. Isso ajuda a criar um espaço para experimentação, contribuindo para o crescimento individual", concorda Anete, que também é pedagoga e psicopedagoga com formação em psicodrama pedagógico e terapia familiar

Sem pré-conceitos
Para evitar que os professores assumam uma nova turma já influenciados pela opinião de outro colega de trabalho, o colégio I.L. Peretz adotou um sistema em que há uma rotatividade de alunos nas salas a cada dois anos. Esse movimento é feito baseado em um sociograma, onde as crianças escolhem (escrevendo em uma folha preparada especialmente para essa atividade) amigos para brincar e amigos para realizar tarefas na escola, de dentro da classe e de outras salas do mesmo ano. "É um trabalho intenso e que exige observação apurada da equipe de professores, pois não bastam as escolhas das crianças. É necessário formar classes observando número de meninos e meninas, aproveitamento escolar etc. As novas classes são mostradas aos alunos e depois para os pais, ao final do ano letivo. Dessa maneira, os professores conhecem os alunos,interagem com eles e só depois recebem, por escrito, observações de anos anteriores", conta Anete.


Fonte: http://revistaguiafundamental.uol.com.br/professores-atividades/80/artigo191831-1.asp

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