Barulho nas escolas de Maringá vai além do aceitável
Por Poliana Lisboa
O barulho produzido por 25 crianças em uma sala de aula pode ser comparado ao emitido por um caminhão em uma rodovia, o equivalente a 83 decibéis (dB), superior ao nível aceitado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 65 dá. Quem estiver expostos a valores acima desse limite pode ter problemas de audição, além de ter o nível de estresse elevado.
Das quatro escolas escolhidas por O Diário para a medição - por estarem próximas às principais avenidas e ruas movimentas do município -, todas apresentam barulho acima do limite do lado de fora das salas. No Colégio Estadual Branca da Mota Fernandes, a média no intervalo foi de 95 dB – variando de 77 dB a 103 dB.
Todos esses barulhos somados – vozes de alunos, professores, ruído dos carros que passam nas ruas – atrapalham o aprendizado dos estudantes e a vida daqueles que trabalham no ambiente. Além da recomendação da OMS, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) fixa em 50 dB o valor máximo aceitável para conforto acústico em salas de aula. Nas áreas de circulação, como pátios e corredores, o limite é de 55 dB.
Professores e demais funcionários dessas instituições são os que mais sofrem com o excesso de ruído. Enquanto alunos ficam expostos por 4h diárias, quem trabalha fica pelo menos o dobro do tempo. Em um dos colégios, a zeladora ressalta que o pátio (vazio e, mesmo assim, com valores acima do limite) "está calmíssimo".
Em outro estabelecimento, um professor conta que o ruído presenciado pela reportagem é normal e que os veículos das ruas adjacentes não incomodam tanto quanto os frequentes gritos dos alunos.
"Quer ver isso aqui ficar impossível? É quando um ou dois professores faltam. Eles ficam no pátio e nas salas ao lado simplesmente não dá para dar aula. É terrível. Tem que falar muito alto, é cansativo", explica.
Os diretores amenizam a situação. Gickson Silva, do Colégio Estadual Branca da Mota Fernandes, afirma que, se quisesse silêncio, estaria trabalhando em outro lugar.
"Eles [estudantes] estão no auge da juventude, cheios de energia para gastar, é normal que façam muito barulho. E também depende do dia. Tem dias que o som é bem mais alto", conta.
Assis Boffi, à frente do Tancredo Neves, com curso na área de Segurança do Trabalho, sabe que os ruídos podem ser ocasionais ou intermitentes.
Mesmo assim, se assusta quando, fora de uma sala o som chega a 82 dB e a fala de uma professora, medida a um metro, conforme recomendado, chega a 86 dB.
"É, sem dúvida um ambiente barulhento. Mas faz parte da dinâmica. Agora [período vespertino], temos o ensino fundamental que conversa mais. À noite, por exemplo, no ensino médio, aqui é quieto".
Mas as crianças também sentem o incômodo. Alunos que estavam nos corredores de duas das escolas visitadas afirmam ser comum professores gritando. "Até cansa, tem aqueles [professores] que só sabem gritar", diz uma garota de 13 anos. Outra revela: "Esta professora aqui controla bem a turma, então ‘tá’ normal. Mas na aula de matemática é uma bagunça".
Confira as medições
Três perguntas
Por Dagoberto de Souza Jr. Otorrinolaringologista
O Diário - Como o barulho acima de 65 dB pode prejudicar a saúde?
Qualquer exposição frequente e prolongada a sons acima de 65 dB pode causar problemas de saúde. Apesar de a legislação trabalhista trabalhar com o limite de 75 dB, como médicos consideramos que o valor da OMS já é alto. Num intervalo na escola, 95 dB é muito. Mas é o horário de mais barulho, quando as crianças brincam. A exposição do recreio se soma àquela sofrida por todo o dia e pode ter consequências na audição. Quem fica exposto a esses ruídos pode ter perdas auditivas parciais a longo prazo.
O Diário - Além dos problemas auditivos, quais outras interferências na saúde que essa pessoa pode ter?
Esse estudante também pode ter outras interferências desencadeadas pelo barulho, como Transtorno de Déficit de Atenção (TDA), estresse. Só que essas doenças e as suas causas não são facilmente identificadas.
O Diário - Como evitar ou diminuir esta exposição?
É complicado, porque a exposição ao barulho é difícil de ser controlada. A única maneira que vejo é orientar os alunos a fazerem menos ruído. Tanto na escola quanto em outros ambientes.
fonte: http://maringa.odiario.com/maringa/noticia/495883/barulho-nas-escolas-de-maringa-vai-alem-do-aceitavel/
Das quatro escolas escolhidas por O Diário para a medição - por estarem próximas às principais avenidas e ruas movimentas do município -, todas apresentam barulho acima do limite do lado de fora das salas. No Colégio Estadual Branca da Mota Fernandes, a média no intervalo foi de 95 dB – variando de 77 dB a 103 dB.
Todos esses barulhos somados – vozes de alunos, professores, ruído dos carros que passam nas ruas – atrapalham o aprendizado dos estudantes e a vida daqueles que trabalham no ambiente. Além da recomendação da OMS, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) fixa em 50 dB o valor máximo aceitável para conforto acústico em salas de aula. Nas áreas de circulação, como pátios e corredores, o limite é de 55 dB.
Professores e demais funcionários dessas instituições são os que mais sofrem com o excesso de ruído. Enquanto alunos ficam expostos por 4h diárias, quem trabalha fica pelo menos o dobro do tempo. Em um dos colégios, a zeladora ressalta que o pátio (vazio e, mesmo assim, com valores acima do limite) "está calmíssimo".
Em outro estabelecimento, um professor conta que o ruído presenciado pela reportagem é normal e que os veículos das ruas adjacentes não incomodam tanto quanto os frequentes gritos dos alunos.
"Quer ver isso aqui ficar impossível? É quando um ou dois professores faltam. Eles ficam no pátio e nas salas ao lado simplesmente não dá para dar aula. É terrível. Tem que falar muito alto, é cansativo", explica.
Os diretores amenizam a situação. Gickson Silva, do Colégio Estadual Branca da Mota Fernandes, afirma que, se quisesse silêncio, estaria trabalhando em outro lugar.
"Eles [estudantes] estão no auge da juventude, cheios de energia para gastar, é normal que façam muito barulho. E também depende do dia. Tem dias que o som é bem mais alto", conta.
Assis Boffi, à frente do Tancredo Neves, com curso na área de Segurança do Trabalho, sabe que os ruídos podem ser ocasionais ou intermitentes.
Mesmo assim, se assusta quando, fora de uma sala o som chega a 82 dB e a fala de uma professora, medida a um metro, conforme recomendado, chega a 86 dB.
"É, sem dúvida um ambiente barulhento. Mas faz parte da dinâmica. Agora [período vespertino], temos o ensino fundamental que conversa mais. À noite, por exemplo, no ensino médio, aqui é quieto".
Mas as crianças também sentem o incômodo. Alunos que estavam nos corredores de duas das escolas visitadas afirmam ser comum professores gritando. "Até cansa, tem aqueles [professores] que só sabem gritar", diz uma garota de 13 anos. Outra revela: "Esta professora aqui controla bem a turma, então ‘tá’ normal. Mas na aula de matemática é uma bagunça".
Três perguntas
Por Dagoberto de Souza Jr. Otorrinolaringologista
O Diário - Como o barulho acima de 65 dB pode prejudicar a saúde?
Qualquer exposição frequente e prolongada a sons acima de 65 dB pode causar problemas de saúde. Apesar de a legislação trabalhista trabalhar com o limite de 75 dB, como médicos consideramos que o valor da OMS já é alto. Num intervalo na escola, 95 dB é muito. Mas é o horário de mais barulho, quando as crianças brincam. A exposição do recreio se soma àquela sofrida por todo o dia e pode ter consequências na audição. Quem fica exposto a esses ruídos pode ter perdas auditivas parciais a longo prazo.
Esse estudante também pode ter outras interferências desencadeadas pelo barulho, como Transtorno de Déficit de Atenção (TDA), estresse. Só que essas doenças e as suas causas não são facilmente identificadas.
O Diário - Como evitar ou diminuir esta exposição?
É complicado, porque a exposição ao barulho é difícil de ser controlada. A única maneira que vejo é orientar os alunos a fazerem menos ruído. Tanto na escola quanto em outros ambientes.
fonte: http://maringa.odiario.com/maringa/noticia/495883/barulho-nas-escolas-de-maringa-vai-alem-do-aceitavel/
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