foto: Fábio Dias - Gazeta do Povo
Júlio Santiago Prates Filho, empossado nesta semana, planeja ampliar as parcerias com as universidades de fora e aumentar a oferta de pós-graduações. Ele promete ainda reduzir a defasagem de servidores e melhorar as condições dos campi regionais
Por: MARCUS AYRES
Eleitos com 62% dos votos, os novos reitor e vice-reitora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Júlio Santiago Prates Filho e Neusa Altoé, assumiram esta semana o comando da instituição. Entre os desafios que eles terão à frente da universidade, está a recuperação do quadro de docentes e servidor e a expansão da internacionalização da UEM.
Em entrevista à Gazeta Maringá, Prates Filho falou sobre estas e outras prioridades para os próximos quatro anos da nova gestão.
GAZETA MARINGÁ - O senhor e a professora Neusa vão administrar uma universidade com um orçamento de R$ 380 milhões, valor muito maior do que o orçamento de várias cidades. Quais serão as prioridades da gestão?
JÚLIO PRATES FILHO - Vamos dar continuidade para esse projeto que vem sendo executado desde 2006. Queremos combinar o crescimento quantitativo dos cursos com a melhoria da qualidade acadêmica. Queremos dar sequência na melhoria da infra-estrutura física, retomar a reestruturação dos cargos, propor que cada curso de graduação tenha seu programa de pós–graduação. Outra meta é caminharmos para o segundo passo da internacionalização da universidade; isto é, buscar a dupla diplomação dos cursos de graduação. Ou seja: o aluno sai com o diploma conferido pela UEM e por outras instituições estrangeiras.
Como a UEM pode ampliar esse processo de internacionalização?
Cabe ao reitor, à sua equipe e aos conselhos da universidade realizar programas e parcerias para que os professores e alunos tenham mobilidade internacional de apresentar trabalhos em universidades e congressos estrangeiros, e orientar e participar da vida cientifica das universidades de outros países.
O quadro de profissionais da UEM está defasado. Este quadro vai ser reposto? Quantos professores e técnicos são necessários para normalizar a situação?
O quadro vai ser reposto. Nós estamos conversando com o atual governo e acreditamos que esse diálogo vai ser mantido com a próxima gestão. O governo do estado aprovou uma lei que implementa 208 professores. Vamos fazer um planejamento junto ao governo para que essas vagas sejam efetivadas em termos de concurso.
Este ano, a UEM passou a contar com mais um campus [em Ivaiporã]. Pouco antes de as aulas começarem, a universidade cobrou do governo do Estado mais garantias para o funcionamento dos cursos, tanto no aspecto de contratação de pessoal como no repasse de recursos financeiros. Isso está garantido ou será preciso negociar com o próximo governo?
Sim. Os novos cursos terão duração de quatro anos. Durante esse período, nós fazemos projetos e o governo do estado vai dando o que é necessário. Nesse primeiro ano, o governo já acenou com garantias. Para o próximo, já na gestão de Beto Richa, não teremos tantas dificuldades quanto a isso. Vamos entrar com negociações para que o que cabe ao segundo ano seja inserido no projeto pedagógico dos cursos.
Alguns campi regionais enfrentam problemas estruturais antigos, como é o caso de Cianorte, onde não há asfalto, a biblioteca não comporta a demanda dos cursos e falta espaço adequado para alguns projetos. Não é um contra-senso a universidade crescer mantendo problemas estruturais?
Não. Se você for ver, estamos com 70 mil metros quadrados de obras em construção e 40 mil já construídos. Os campi regionais foram agraciados também. No caso de Cianorte, a universidade não pode investir em obras lá porque aquele terreno não é da UEM. Estamos conversando com o prefeito e com o presidente da Câmara Municipal para que aquele terreno vá definitivamente para a universidade. Faz parte da nossa gestão ter um olhar mais atento aos campi regionais e, certamente, vamos iniciar uma construção em Cianorte. Temos um projeto pronto e, caso o prefeito não acene, o que acho muito difícil, vamos arcar com essa construção.
Existe uma grande discussão em torno da criação da Universidade Estadual do Paraná (UEPR), que congregaria e reorganizaria as chamadas “faculdades isoladas”. Apesar de bem recebida em várias instituições, a proposta da Seti [Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior] tem dividido opiniões em Paranavaí, onde algumas lideranças e associações locais defendem que a Fafipa seja integrada à UEM. Qual é a sua posição sobre o assunto?
Isso depende da população. Se a comunidade e os governos entenderem que a Fafipa tenha que ser incorporada à UEM, nós aceitaremos de bom grado e acatamos com perfeitas condições de integrar mais um campus, sem problema nenhum.
Existe a possibilidade de criar mais um campus da UEM?
Não. Agora nós temos que ter paciência e administrar o nosso crescimento. É hora de fazer com que os campi e os cursos tenham as melhores condições acadêmicas para desenvolver o ensino, a pesquisa e a extensão.
Os cursos de graduação ligados ao setor rural, oferecidos pelas universidades públicas paranaenses, são os que mais se destacaram no Guia do Estudante Abril 2010. No caso da UEM, Zootecnia foi o curso mais bem avaliado. O que diferencia este curso dos demais? O que é necessário fazer para melhorar a avaliação das demais graduações?
Hoje, o estado tem alguns programas nota 6 (numa escala de um a sete), que é o nível de excelência que a Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] exige. Hoje, Zootecnia é nota 6, e sem duvida nenhuma isso tem influência direta no curso de graduação. Queremos aumentar os índices de excelência dos demais cursos.
Nos últimos anos, alguns estudantes da UEM tiveram problemas com os trotes. Vai ser tomada alguma medida para coibir a violência contra os calouros?
Sim. Por meio das pró-reitorias de recursos humanos e de ensino, da diretoria de cultura, dos centros acadêmicos e do Diretório Central dos Estudantes (DCE), vamos fazer um planejamento para abolir a questão do trote na universidade e ao redor do campus. Em vez do trote, promover vida cultural e assistência à comunidade.
Uma das características da UEM é a integração com a sociedade. Esta relação será ampliada na sua gestão?
Sem dúvida nenhuma. Hoje, o papel da universidade vai além de formar gestores. Tem que interagir com a sociedade por meio dos projetos de extensão e de pesquisa. Tudo o que a gente produz aqui traz benefícios para sociedade, com quem vamos manter uma relação qualificada e respeitosa.
Qual sua avaliação sobre o ensino superior em Maringá e no Paraná?
Hoje o estado tem um sistema de ensino superior bem qualificado. Vejo que o desenvolvimento regional e do Paraná não pode ser feito sem a presença das universidades públicas e privadas. Nós pedimos ao próximo governador para que o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior seja do sistema de ensino superior do Paraná. Isso vai fortalecer esse sistema e promover um desenvolvimento regional mais forte.
Fonte: http://portal.rpc.com.br/jm/online/conteudo.phtml?tl=1&id=1057752&tit=Novo-reitor-quer-tornar-a-UEM-uma-universidade-internacional
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